Espetáculo aborda e debate a vida de uma pessoa soropositiva
Os jovens do Programa Paineira (15 a 17 anos) assistiram ao espetáculo Boa Sorte: o Musical, no Teatro Aliança Francesa, no centro de São Paulo.
O musical, escrito pelo diretor, ator e youtuber Gabriel Estrela, conta, em forte tom autobiográfico, como foi receber a notícia, aos 18 anos, que era portador do vírus HIV. Com um repertório de canções da MPB, em cena o rapaz repensa seus relacionamentos com amigos, família, namorado e médicos depois do diagnóstico.
Com a missão de levar informação sobre a problemática do HIV, além de cultura e arte para os jovens beneficiados pelo programa, além disso muitos jovens foram pela primeira vez ao centro da cidade, após a apresentação, ainda aconteceu um bate papo entre o diretor e o público.
O último relatório divulgado pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV /AIDS (UNAIDS), em 2016, apontou que 827 mil brasileiros estão contaminados pelo vírus HIV. Ainda de acordo com o relatório, os jovens de 15 a 24 são os mais suscetíveis.
Por isso, se faz tão necessário debater o tema, como pontua, Anabela Vaz, educadora do Programa Paineira.
“O Espetáculo foi muito importante porque ele acompanha a narração de uma pessoa soropositiva, suas reflexões e dilemas. Já o debate que acompanha o espetáculo foi fundamental para os jovens entenderem como se dá hoje a vida de uma pessoa com HIV, diversos esclarecimentos foram feitos. Além é claro do alerta sobre a necessidade da autoproteção, a importância do sexo seguro, que previne uma gravidez indesejável e as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs)”.
Já os jovens também compartilham o sentimento de que o espetáculo foi importante:
“Eu achei muito interessante o musical porque a sexualidade ainda é um tabu na sociedade. Já o senso comum acha que o HIV é transmitido por qualquer gesto, sendo que não é verdade. E a peça ainda reforça que é importante a preocupação com a saúde. E o debate foi descontraído, leve e informativo”, Erick de Oliveira, 16 anos, educando do Programa Paineira.
“Foi interessante conhecer a história de uma pessoa portadora do HIV e saber como ele agiu em relação a isso, como se abriu com a família e como a falta de conhecimento o atrapalhou. Foi importante ouvi-lo falar que as pessoas precisam buscar o conhecimento, já que é uma doença que não tem cura, mas existem tratamentos e todos merecem respeito”, Bianca Maria, 16 anos, educanda do Programa Paineira.
Muitos dos adolescentes que assistiram ao espetáculo nunca tinham ido ao teatro, nem mesmo ao centro da cidade.
Em pleno ano de 2018, com o avanço das redes sociais, a tecnologia na palma da mão, a desigualdade social é uma realidade que afasta e marginaliza os jovens da periferia, que simplesmente não ocupam os espaços de lazer e cultura, lugares esses que são majoritariamente afastados das periferias.
Por isso, o ato de formação e conhecimento proporcionado pela peça começou muito antes de chegar ao local.
“A peça foi incrível, mas só a ida até o teatro já foi de grande importância e teve uma ação educativa transformadora. Sair da periferia e vivenciar lazer e cultura no outro lado da cidade também é importante, conhecer e ocupar outros lugares. O trajeto do extremo da zona sul até o centro, esse tipo de experiência é importante porque os jovens encontram pessoas diferentes e observam a cidade organizada de uma forma diferente. É importante lidar com essa transformação de lugares, sem sentir vergonha ou medo, se reconhecer nesses lugares ajuda no processo de adaptação”, analisa, Anabela, que além de educadora da Fundação Julita, é cientista social.
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